Contribuciones a las Ciencias Sociales
Septiembre 2010

COMPORTAMENTOS MANIFESTOS E NÃO MANIFESTOS DOS TRABALHADORES FACE AO SENTIDO DO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

 

Lisandra Silva Lucas
lusilvapel1@gmail.com

 

RESUMO

O mundo está em plena efervescência. Paradigmas científicos são rompidos, o desemprego aumenta, as pessoas adoecem no trabalho, mudam de carreira, enfim, vão se estruturando e sendo impactadas por estes novos processos produtivos. À medida que a nossa compreensão do mundo e do espaço foi avançando neste final de século, nos voltamos em direção à compreensão uns dos outros e do nosso espaço mental. O objetivo deste trabalho é discutir sobre os comportamentos manifestos e não manifestos dos trabalhadores face ao sentido do trabalho e qualidade de vida no trabalho. A compreensão do comportamento humano, do sentido do trabalho e da qualidade de vida no trabalho, deve levar em conta tanto fatores internos inerentes a cada pessoa, como os fatores externos presentes em seu contesto sócio-ambiental, que se condicionam e se influenciam mutuamente.

PALAVRAS-CHAVE: Sentido do trabalho, o significado do trabalho e qualidade de vida no trabalho

ABSTRACT

The world is in full swing. Scientific paradigms are broken, unemployment rises, people become ill at work, changing careers, finally, structuring and will be impacted by these new processes. As our understanding of the world and space was advancing end of this century, we turn toward understanding each other and our mental space. The aim of this paper is about the behaviors manifest and workers over the meaning of work and quality of work life.

The understanding of human behavior, the meaning of work and quality of work life, must take into account both internal factors inherent in each person, as external factors present in their socio-environmental contest, which condition and influence each other.

KEYWORDS: Meaning of work, the meaning of work and quality of work life
 



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Silva Lucas, L.: Comportamentos manifestos e não manifestos dos trabalhadores face ao sentido do trabalho e qualidade de vida no trabalho, en Contribuciones a las Ciencias Sociales, septiembre 2010, www.eumed.net/rev/cccss/09/ 


1. Sentidos do Trabalho

O trabalho representa um valor importante, exerce uma influência considerável sobre a motivação dos trabalhadores e também sobre sua satisfação e produtividade. Vale à pena, então, tentar compreender o sentido do trabalho hoje e sua relação com a qualidade de vida no trabalho.

Segundo Morin, In Wood (2002), trabalho é uma atividade que agrega valor a alguma coisa. A maneira como os indivíduos trabalham e o que eles produzem têm um impacto sobre o que pensam e na maneira como percebem sua liberdade e sua independência. O processo de trabalho, assim como seu fruto, ajuda o indivíduo a descobrir e formar sua identidade. Acontece que a organização de trabalho em si mesma conta muito: é importante que a organização das tarefas e das atividades torne-se favorável à eficiência e que os objetivos visados, assim como os resultados esperados, sejam claros e significativos para as pessoas que o realizam.

O prazer e o sentimento de realização que podem ser obtidos na execução de tarefas dão um sentido ao trabalho. A execução de tarefas permite exercer seus talentos e suas competências, resumindo, realizar-se, atualizar seu potencial e aumentar sua autonomia.

O interesse do trabalho em si mesmo parece estar associado, por um lado, ao grau de correspondência entre as exigências do trabalho e, por outro lado, ao conjunto de valores, de interesses e de competências do indivíduo. Efetivamente, as pessoas relatam que um trabalho que tem sentido é o que corresponde à personalidade, aos talentos e aos desejos delas. (Morin), In (Wood, 2002).

O interesse de tal trabalho também se origina das possibilidades que ele oferece para provar valores pessoais e para realizar ambições. O trabalho permite realização, dando oportunidades para vencer desafios ou perseguir ideais.

Para Morin, In Wood (2002), o fato de o indivíduo ter que resolver problemas durante a realização do trabalho e exercer seu julgamento para tomar decisões relativas à organização de suas atividades reforça o sentimento de competência e eficácia pessoal; isso tem uma influência direta não somente no desenvolvimento da autonomia pessoal, mas também na motivação. Além disso, o fato de ter que resolver problemas e vencer dificuldades estimula a criatividade dos indivíduos.

Trabalho é uma atividade que se inscreve no desenvolvimento de uma sociedade; deve, conseqüentemente, respeitar as prescrições relativas ao dever e ao saber viver em sociedade, tanto em sua execução como nos objetivos que almeja e nas relações que estabelece. O trabalho deve ser feito de maneira socialmente responsável. (Morin), In (Wood, 2002).

O trabalho permite escapar do sentimento de isolamento, viver melhor sua solidão e encontrar seu lugar na comunidade. Nesse sentido, permite passar por cima dos problemas existenciais, como a solidão e a morte.

1.1 O significado do trabalho

Segundo Guareschi e Grisci (1993), trabalho enquanto palavra infinitamente pronunciada em nosso cotidiano revestiu-se de um sentido vago e maleável. Trabalho significa aplicação da atividade física ou intelectual; serviço; esforço; fadiga; ação ou resultado da ação de uma força.

Num processo que sofre um atravessamento ideológico de quem cria essas definições, trabalho pode ser entendido como exclusivamente humano, portanto consciente e proposital. É através do trabalho que o homem cria coisas extraídas da natureza, convertendo o mundo num espaço de objetos partilhados pelo homem. Diferencia, então, labor e trabalho. O primeiro seria um processo de transformação da natureza para responder aquilo que é um desejo de ser humano, emprestando-lhe certa permanência e durabilidade histórica.

Segundo Offe (1989), o trabalho seria o dado social central. A sociedade e sua dinâmica são construídas enquanto sociedades no trabalho. Certamente todas as sociedades são impelidas a estabelecer através do trabalho, uma relação metabólica com a natureza e a organizar esse metabolismo de modo que seus resultados sejam suficientes para a sobrevivência física do homem em sociedade e para a estabilização da forma específica da organização desse metabolismo.

Alguns pensadores sociais, de diversas matrizes teóricas e diferentes posições políticas refletem sobre a atividade trabalho e suas metamorfoses na sociedade moderna, relacionando-a com a emergência da cidade industrial, a nova configuração da pobreza e com a organização do sistema de fábrica.

Durkheim, Weber e Marx buscam entender o lugar do trabalho na construção da racionalidade requerida pela modernidade. Tanto o trabalho quanto os trabalhadores são pensados no contexto dos processos de desenvolvimento e mudança social. Na tradição marxista, as reflexões sobre o trabalho englobam, entre outros, a formação das classes sociais, da consciência de classes e dos sujeitos históricos responsáveis pelo processo de transformação social.

O processo de trabalho começa, portanto, com um contrato ou acordo que estabelece as condições de venda da força de trabalho pelo trabalhador e sua compra pelo empregado.

Apesar da ampliação e diversidade das temáticas e problemáticas tratadas pela produção sociológica brasileira nos últimos anos, das tentativas interdisciplinares com a aproximação entre sociologia e trabalho, história social, antropologia, psicanálise etc. Os estudos sobre trabalho e os trabalhadores ainda se mantêm em fronteiras bem delimitadas. De um lado, situam-se os estudos de sociologia do trabalho, política de gestão, organização do trabalho e novas tecnologias, de outro as lutas, condições de vida e práticas sindicais no âmbito da historiografia e sociologia do movimento operário.

Guareschi (1997) salienta que para viver são necessárias muitas coisas, mas principalmente comer. Ninguém vive sem comer. No entanto como se consegue coisas para comer? A resposta vem imediatamente, conseguem-se coisas para comer trabalhando. O trabalho é o ponto fundamental, é a chave de tudo.

Para transformar um trabalho fatigante em um trabalho equilibrante precisa-se flexibilizar a organização do trabalho, de modo a deixar maior liberdade ao trabalhador para rearranjar seu modo operário e para encontrar os gestos que são capazes de lhe fornecer prazer, isto é, uma expansão ou uma diminuição de sua carga psíquica de trabalho. Na falta de poder assim liberalizar a organização do trabalho, precisa-se resolver encarar uma reorientação profissional que leve em conta as aptidões do trabalhador, as necessidades de sua economia psicossomática, não de certas aptidões somente, mas de todas, se possível, pois o pleno emprego das aptidões psicomotoras, psicosensoriais e psíquicas parecem ser uma condição de prazer no trabalho.

O trabalho torna-se perigoso para o aparelho psíquico quando ele se opõe a sua livre atividade. O bem estar, em matéria de carga psíquica, não advém só da ausência de funcionamento, articulado dialeticamente com o conteúdo da tarefa, expresso por sua vez, na própria tarefa, e revigorado por ela. Em termos econômicos, o prazer do trabalhador resulta da descarga de energia psíquica que a tarefa autoriza o que corresponde a uma diminuição da carga psíquica do trabalho.

Para Spector (2003), trabalho, está intimamente relacionado à satisfação. A satisfação no trabalho tem sido apresentada a causa de importantes realizações das organizações e dos funcionários, do desempenho no trabalho à saúde e longevidade.

1.2 A relação homem–trabalho

O organismo do trabalhador não é um motor humano, na medida em que é permanentemente objeto de excitações, não somente exógenas, mas também endógenas.

O trabalhador não chega ao seu local de trabalho como uma máquina nova. Ele possui uma história pessoal que se concretiza por uma certa qualidade de suas aspirações de seus desejos, de suas motivações, de suas necessidades psicológicas, que integram sua história passada. Isso confere a cada indivíduo características únicas e pessoais.

O trabalhador, enfim, em razão de sua história, dispõe de vias de descarga preferenciais que não são as mesmas para todos e que participam na formação daquilo que denominamos estrutura da personalidade.

Segundo Codo (1993), quando falamos em processo de trabalho, sublinhamos o aspecto qualitativo do trabalho, seu conteúdo: a produção de utilidades que irão satisfazer necessidades humanas. Porém, na sociedade capitalista, o produto do trabalho não é um simples produto ou utilidade, é, antes, uma mercadoria que tem como destino ser vendida e comprada no mercado. E para que ela seja negociada, deve possuir valor; valor este que lhe é incorporado também pelo trabalho, não mais pelo processo de trabalho, mas pelo aspecto quantitativo do trabalho, pelo trabalho enquanto trabalho abstrato, o tempo socialmente necessário para a produção da mercadoria.

O que os seres humanos fazem é produzir suas condições de existência, e ao produzirem-na materialmente geram e criam valores de uso, definem sua existência na medida em que a exercem, em metabolismo com a natureza, construindo a si mesmos na medida em que arranca do mundo o seu modo de ser. No entanto, se o trabalho nunca abandona sua origem, ao mesmo tempo se inscreve na história dos homens; na exata medida em que ele mesmo significa a história dos homens.

Guimarães (1999) salienta que o trabalho é muito mais do que transformar os materiais em riqueza. Segundo o autor o trabalho é o fundamento da vida, tendo de certo modo, criado o próprio homem.

Quando trabalhamos em condições gratificantes, gostamos do produto realizado, alguns até se apaixonam por ele. Mas quando trabalhamos subjugados, imprimimos raiva ao produto. Por isso, o trabalho deve ser uma conseqüência do desejo.

Visto desta forma o desejo é importante e necessário, assim como também a consciência e a manifestação da vontade quando se fala em construção do conhecimento, deixando claro o quanto se precisa ter esse alimento fundamental para se realizar as tarefas as quais o indivíduo se propõe.

Quando não há essa energia, ou quando o desejo encontra-se reprimido, tudo que diz respeito à atuação do indivíduo fica prejudicada. O que se precisa aqui, é do resgate do prazer e de ter consciência do significado trabalho e também da vida, seria substituir o medo pela coragem, o sofrimento pela recuperação da dignidade e da condição da cidadania sobre o que estamos falando aqui a não ser da busca pela qualidade de vida no trabalho.

2.Qualidade de vida no trabalho

O termo qualidade de vida refere-se à preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas. O termo QVT tem sido utilizado como indicador das experiências humanas no local de trabalho e do grau de satisfação das pessoas que desempenham o trabalho. O conceito de qualidade de vida no trabalho implica um profundo respeito pelas pessoas. Para alcançar níveis elevados de qualidade e produtividade, as organizações precisam de pessoas motivadas, que participem ativamente nos trabalhos e executem e que sejam adequadamente recompensadas pelas suas contribuições.

Entende-se por qualidade de vida um conjunto harmonioso equilibrado de realizações em todos os níveis como: saúde, trabalho, lazer, sexo e família. O melhor lugar para se iniciar o desenvolvimento da qualidade, em uma empresa ou organização, é com o desempenho do indivíduo e suas atitudes em relação à qualidade.

A qualidade de vida no trabalho tem sido utilizada como indicador das experiências humanas no local de trabalho e do grau de satisfação das pessoas que desempenham o trabalho. O conceito de QVT implica um profundo respeito pelas pessoas. Para alcançar níveis elevados de qualidade e produtividade, as organizações precisam de pessoas motivadas, que participem ativamente nos trabalhos que executam e que sejam adequadamente recompensadas pelas suas contribuições. A competitividade organizacional e obviamente, a qualidade e produtividade, passam obrigatoriamente pela QVT. A organização que investe diretamente no funcionário está, na realidade, investindo indiretamente no cliente. (Chiavenato, 1999)

A QVT representa em que grau os membros da organização são capazes de satisfazer suas necessidades pessoais através do seu trabalho na organização. A qualidade de vida no trabalho envolve os aspectos intrínsecos e extrínsecos do cargo. Ela afeta atitudes pessoais e comportamentos relevantes para a produtividade individual e grupal, tais como: motivação para o trabalho, adaptabilidade a mudanças no ambiente de trabalho, criatividade e vontade de inovar ou aceitar mudanças.

Segundo Cañete, In Bitencourt (2004), a qualidade de vida é uma conquista que se faz diariamente, vivendo cada momento e desenvolvendo atitudes cada vez mais adequadas, aplicando nossa criatividade, nossas emoções, consciência e valores, pois o local de trabalho está se tornando o meio primário de satisfação pessoal e mais que oferecer trabalho, as empresas podem dar significado à vida das pessoas.

Entende-se que qualidade de vida no trabalho é um conceito dinâmico, abrangente, individual e ao mesmo tempo coletivo, pois envolve várias ciências. É também um conceito contingencial, porque vai se modificando de acordo com as circunstâncias.

Existe uma tendência a se considerar as empresas como responsáveis pelos fatores determinantes de QVT, mas um desajuste na vida familiar e nas relações sociais fora do trabalho exerce um papel negativo e desadaptador sobre o trabalho.

A qualidade de vida das pessoas nas organizações pode ser alcançada quando existir cumplicidade, comprometimento, divisão eqüitativa dos erros/acertos e das responsabilidades. O paradigma empresarial deve considerar que o projeto organizacional será potencializado à medida que o projeto de vida dos trabalhadores for atingido.

Colombo (1998) salienta que falar em qualidade de vida no trabalho é na verdade falar em qualidade de vida do trabalhador, vendo o homem enquanto ser social, enquanto ser total. Nesta abordagem qualidade de vida será ampliada á medida que seu aprendizado seja constantemente ampliado.

A experiência de trabalho de um indivíduo pode afetar positiva ou negativamente as demais esferas de sua vida. A natureza das relações interpessoais é importante para medir o grau de identidade do trabalhador com a organização, conseqüentemente, seu nível de satisfação quanto à qualidade de vida no trabalho, podendo ser avaliada pela ausência de preconceitos de símbolos, de status ou diferenças hierárquicas muito marcantes pela possibilidade de acesso na hierarquia em função da capacidade e potencial, e pela existência de apoio mútuo e senso comunitário, fazendo o trabalhador sentir-se integrado e pertencente a um grupo e a empresa. (Lima, 1998)

Estamos novamente falando de qualidade de vida no trabalho, ou seja, do homem em sua totalidade, repensando a promoção do bem estar, em nosso caso do trabalhador. Medidas ao longo da história têm sido tomadas para incentivar ás mudanças relativas à promoção do bem estar dos trabalhadores, mediante as reivindicações dos próprios operários quanto à melhoria das condições de vida.

A baixa qualidade de vida nas organizações é a maior causa da crescente alienação e insatisfação do trabalhador e declinação da produtividade. A expressão qualidade de vida no trabalho agrupa todas as experiências de humanização do trabalho, da reestruturação dos postos ao estabelecimento de grupos semi autônomos, implicando certo grau de participação na gestão das pessoas envolvidas diretamente na atividade. Existe qualidade de vida no trabalho quando a organização procura desvendar o potencial criativo de seus empregados, oportunizando aos mesmos a participação nas decisões que afetam sua vida no trabalho.

Existe qualidade de vida no trabalho quando os membros de uma organização são capazes de satisfazer suas necessidades pessoais importantes através de sua vivência na mesma, o que engloba, a preocupação com o efeito do trabalhador nas pessoas, com a eficácia da organização e com a idéia da participação dos trabalhadores na solução de problemas e tomada de decisões.

É importante avaliar o conhecimento das opiniões dos trabalhadores sobre aspectos relativos ao seu próprio trabalho. A qualidade de vida é importante subsídio a políticas e estratégias sócio-econômicas que as empresas pretendem adotar, o que ressalta a importância das sondagens de opinião interna como instrumento de informação.

A qualidade de vida no trabalho pode ser examinada através de quatro indicadores fundamentais: o econômico, o político, o psicológico e o sociológico, os quais por sua vez são causas de injustiça, insegurança, alienação e anomia.

O modelo de Walton, citado por Vieira (1996), inclui questões elementares da situação de trabalho como importantes para o estudo da QVT, incluindo entre elas fatores como condições físicas, aspectos relacionados à segurança e também a remuneração, sem no entanto descuidar das demais pela abrangência dos aspectos que focaliza, o modelo de Walton pode ser considerado como o mais adequado para aplicação dos setores de precariedade da situação de trabalho. Para Walton, independente do nível hierárquico existe muitos empregados descontentes e alienados face às series deficiências na sua qualidade de vida no trabalho; os quais gostariam de alterar o conteúdo de seu cargo acrescentando menores desafios e extraindo maior satisfação com a atividade que desempenham.

As pesquisas, observações pessoais e entrevistas realizadas por Walton, quando procurava associar a melhoria de vida no trabalho com performance organizacional identificaram critérios que afetam de maneira mais significativa os trabalhadores na situação de trabalho que pode ser de grande valia para próximos estudos.

Contudo, para a realização de pesquisas e implantação da qualidade de vida no trabalho, é necessário ética, tanto pessoal, quanto profissional. Essa ética, não se refere somente ao funcionário, mas principalmente a organização na qual ele está inserido ou seja a ética organizacional.

3. ÉTICA

Segundo Moreira (2002), ética é o estudo das avaliações do ser humano em relação às suas condutas ou às dos outros. A ética é o rol dos conceitos aplicáveis às ações humanas, que fazem delas atitudes compatíveis com a concepção geral do bem e da moral.

A ética empresarial é o comportamento da empresa, quando ela age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade. (MOREIRA, 2002).

O comportamento ético por parte da empresa é esperado e exigido pela sociedade. Esta impõe que a empresa ou instituição aja com ética em todos os seus relacionamentos, especialmente com clientes, fornecedores e empregados.

Uma empresa ética incorre em custos menores do que uma antiética. A empresa ética não faz pagamentos irregulares ou imorais, como subornos, compensações indevidas e outros. Exatamente por não fazê-los, ela consegue colocar em prática uma avaliação de desempenho de suas áreas operacionais, mais precisa do que a empresa antiética. (Moreira, 2002).

Os procedimentos éticos facilitam e solidificam os laços de parceria empresarial, quer com clientes, quer com fornecedores, quer, ainda, com sócios efetivos. Isso ocorre em função do respeito que um agente ético gera em seus parceiros.

Para que existam procedimentos éticos dentro de uma empresa, é necessário que esta adote um código de ética, pois as pessoas que integram uma organização possuem formações culturais e científicas diferentes, experiências sociais diferentes e opiniões diferentes sobre os fatos da vida

Para que uma empresa seja ética e siga os princípios éticos, é necessário que ela atenda às necessidades imateriais do trabalhador como ser humano.

4. CONCLUSÃO

Nos dias atuais, com a evolução da tecnologia, a incessante busca do aumento de produtividade e a redução dos custos com vistas a fazer frente à competitividade de um mercado globalizado, a organização do trabalho aumentou ainda mais suas exigências para com os trabalhadores.

Acredito que ficou claro que se a qualidade de vida importa consciência individual e social sobre o significado da vida, os direitos à vida no trabalho implicam possibilitar as condições para que o homem coloque sua força transformadora em sua realização plena.

Como toda instituição é uma organização social, vimos que cada um tem seu lugar e função neste conjunto estando ligado ao todo de forma que qualquer mudança na organização pode afetar o seu trabalho de forma inesperada.

Portanto, para Moller (1999), a qualidade pessoal é à base de todos os outros tipos de qualidade. Ela é crucial para a auto-estima a qual por sua vez determina o bem-estar, a eficiência, as atitudes e o comportamento das pessoas.

Acredito que a qualidade de vida no trabalho possa ser finalmente entendida como a satisfação das exigências e expectativas, tanto humanas quanto técnicas do homem trabalhador. Na realidade significa estar plenamente comprometido, pois ela começa com os próprios padrões do indivíduo sobre qualidade de vida.

Melhorar a qualidade de vida no trabalho não é algo que se resolve de uma só vez, mas é um processo infindável de comprometimento com a própria vida e com o próprio trabalho.

No entanto, é impossível tentar valorizar o homem sem valorizar o profissional. Querer melhorar as condições humanas de trabalho através de benefícios, lazer, assistência médica e bons salários, por si só, não levará a uma genuína valorização profissional. É necessário sempre acreditar no homem, em suas possibilidades, garantir-lhe o respeito próprio e o reconhecimento das pessoas que com ele convivem.

Para compreensão do trabalho é fundamental que se parta da realidade do trabalho na qual o sujeito está inserido buscando estabelecer a dinâmica que envolve este trabalhador quanto a sua percepção, possibilidades para lidar com o mundo que o cerca e os resultados deste processo.

Para tanto se torna necessário preparar trabalhos com suficiente significado e recompensa permitindo que as pessoas recebam satisfação pessoal pelos seus esforços.

A vida dos homens sem dúvida não se reduz ao trabalho, mas também não pode ser compreendida na sua ausência. Onde quer que estejam às causas do sofrimento dos homens estarão em suas próprias vidas. O trabalho é o momento significativo do homem, é a possibilidade da felicidade, da liberdade, da loucura e da doença mental. (Codo, 1993).

A respeito do significado do trabalho ainda refere-se à questão de sobrevivência a analise do que significa trabalho para o indivíduo deverá se basear nas condições de trabalho apresentadas pela instituição e pela sociedade. A sua atividade dependerá das condições objetivas de vida e agindo sobre elas as transforma.

Esta análise aponta para a importância vital do trabalho humano, pois é através dele que nos objetivamos socialmente, e também através dele que nos modificamos e nos realizamos. Isso se torna realmente possível e evidente quando o controle do processo de trabalho sai das mãos do trabalhador.

Tais considerações tornam-se claras quando o entendimento das dimensões de recursos humanos pode contribuir substancialmente para a inovação e criação de alternativas que ampliem a qualidade de vida que surgiu a partir da análise e discussão das conseqüências do trabalho na vida das pessoas.

Através das teorias administrativas, foi possível perceber a importância do fator humano nas instituições, pois este passou a ser visto como parte integrante e não meramente uma máquina.

Acredito que o ser humano vive em busca da realização e para isso o trabalho tem grande contribuição, pois viver hoje, está sendo um desafio que temos que aceitar, enfrentar e vencer e isto é possível através do trabalho e da motivação que o mesmo nos causa. Pois o ser humano passa a maior parte de sua vida trabalhando, a organização torna-se parte integrante do indivíduo, por isso é importante que o mundo gire em torno de mudança e que a instituição seja vista como a segunda casa, pois ela deverá preparar os seus trabalhadores para uma nova era.

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Editor:
Juan Carlos M. Coll (CV)
ISSN: 1988-7833
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